Junho 22, 2018
Sempre que viajamos, provar a culinária local é uma das formas mais importantes de apreciar a cultura e as tradições dos lugares. Aqui está o nosso guia para as especialidades de algumas das regiões mais populares do país.
Comendo e bebendo na Itália – uma introdução
Se você acha que a comida italiana é só macarrão e pizza, sua viagem à Itália será uma grande surpresa. As refeições italianas podem começar com vários antipasti – entradas – incluindo pequenos pratos de legumes, carne defumada, bruschetta ou crostini (torradas). Seguidos pelo primo piatto – primeiro prato – muitas vezes um pequeno prato de massa, uma sopa ou algo similar. O secondo piatto – segundo prato – geralmente é algo mais substancial como carne ou peixe e é acompanhado por um ou mais contorni – acompanhamentos – que você pede separadamente. Estes podem incluir batatas, legumes ou feijão. O vinho geralmente é tomado com a refeição e depois vem os dolci – sobremesas – e, claro, café.
O café é essencial na cultura italiana, e eles podem ser encontrados em todo o país. O café italiano tradicional é o expresso, e se você pedir apenas um café – un caffè – é isso que você receberá. Outros cafés incluem macchiato (nada a ver com a abominação servida no Starbucks, mas sim um “marcado” com um pouco de espuma de leite), caffè corretto, café “pingado” com grappa ou algum outro álcool e cappuccino. Este último é muito bebido no café da manhã, e pedir um depois das 11 h seria bem estranho.
O americano foi inventado na Itália durante a Segunda Guerra Mundial para os soldados americanos que queriam algo diferente do café que costumavam beber em casa. Os americanos são feitos diluindo um café expresso com água quente para produzir uma bebida mais longa; você pode pedir um, mas os italianos não os bebem. Se pedir um latte, provavelmente lhe servirão um copo de leite quente, pois latte significa “leite” em italiano. Peça um caffè latte (café com leite).
Para saber mais sobre como pagar na Itália e no resto da Europa em dinheiro ou cartão, confira este artigo para mais informações.
As cidades e as regiões
Roma
Repleta de monumentos e ruínas de uma história que se estende por dois milênios, Roma, a Cidade Eterna, é um lugar onde as profundezas do tempo parecem quase tangíveis. É uma cidade com uma herança cultural incomparável e o lugar onde todos deveriam ir pelo menos uma vez.
A tradição culinária da cidade é muito rica, e um dos pratos mais famosos é o spaghetti alla carbonara (espaguete à carbonara), macarrão servido com molho de creme com pedaços de pancetta ou guanciale, bacon feito da barriga do porco ou bochecha, respectivamente.
Carciofi – alcachofras – são populares na capital. Você pode experimentá-las alla giudia, estilo judaico, ou alla romana, estilo romano. De fato, qualquer prato que termina com alla romana é de Roma, e uma outra degustação é saltimbocca alla romana, costeletas de vitela no estilo local.
A pizza romana é extremamente fina e deve ser comida com garfo e faca e não com as mãos. A região ao redor é conhecida pelos seus vinhos brancos, o Frascati sendo um dos mais famosos.
Florença, Pisa e Toscana
Florença, o centro do renascimento italiano, uma das capitais do mundo, é merecidamente uma parada imperdível em qualquer itinerário italiano, para muitos, a imagem quintessencial do país está localizada dentro das colinas, ciprestes e olivais do interior toscano. Cidades pitorescas, das quais San Gimignano é a mais fotogênica, pontuam a paisagem e muito visitantes se rendem a viajarem para Pisa para uma selfie na frente da torre excêntrica da cidade.
A culinária local é simples e deliciosa. Em Florença, peça bistecca alla fiorentina, um bife enorme, melhor servido malpassado. Os toscanos também são famosos como mangiafagioli – comedores de feijão. Um prato típico é a la ribollita, uma sopa farta de feijão e outros ingredientes preparados um dia antes e então “refervidos”, como o nome sugere.
Carne de caça é popular no interior, e se tiver a chance, experimente cinghiale – javali. O famoso vinho da região é o Chianti; se visitar a área no início de setembro, o festival na pequena cidade de Greve em Chianti é altamente recomendado. Lá, você terá a chance de experimentar o vinho local, bem como um excelente azeite produzido localmente, um dos melhores do mundo.
Para aqueles “formiguinhas”, a cidade vizinha de Siena é famosa por um bolo duro chamado panforte que remonta aos tempos medievais. Zuccotto, de Florença, é um bolo decorado para parecer com o Duomo, a icônica catedral da cidade.
Milão e Como
Milão é o centro de estilo da Itália, bem como a capital de negócios do país, enquanto a apenas uma hora de carro, a cidade de Como e o lago de mesmo nome são uma fuga popular da cidade. Viaje um pouco mais e você chegará na Suíça; confira este artigo para informações sobre a comida do outro lado da fronteira.
A comida no norte é muito diferente daquela das regiões sul e central. Na Lombardia, você descobrirá uma culinária diversificada que tem como base polenta, arroz e massas frescas derivadas das ricas terras agrícolas encontradas lá.
Um clássico local é o risotto alla milanese, um risoto amarelo característico que acompanha a cotolette alla milanese ou o osso buco alla milanese, costeletas a milanesa e ossobuco de vitela, respectivamente.
A culinária de Como apresenta peixes de água doce, incluindo truta, perca e tenca. Se você tiver chance, experimente o risoto local com perca, agora popular em todo o país, mas originário aqui.
A região é conhecida por seus produtos lácteos, e o famoso queijo azul da Itália, o gorgonzola, vem dessa região. Outros incluem Grana Padano, Taleggio, Bel Paese e mascarpone, este último ingrediente essencial da clássica sobremesa italiana, o tiramisu.
Lombardia é também o berço do panettone, o pão-de-ló agora comido em toda a Itália no Natal. A região é também conhecida pelos seus vinhos espumantes, sendo Franciacorta o mais famoso.
Sicília
Devido à sua localização estratégica no centro do Mediterrâneo, a Sicília foi invadida e ocupada muitas vezes ao longo de sua história, e a culinária da ilha testemunha as influências desses sucessivos ataques. A comida siciliana é bem diferente de qualquer coisa no continente, e existe uma grande variação entre a culinária de diferentes partes da ilha.
Ao visitar a Sicília, inevitavelmente você vai comer arancini, as onipresentes bolinhas de arroz com recheios que variam de acordo com o local em que são feitas. Caponata é um dos pratos mais famosos da ilha e consiste em berinjela, alcaparras e outros ingredientes cozidos juntos e servidos à temperatura ambiente, geralmente como antipasto.
Os pratos de massas que devem ser experimentados incluem pasta alla Norma, originalmente da cidade de Catânia, e feito com molho de tomate, beringela, alho, manjericão e ricota, e pasta con le sarde, macarrão com sardinha.
A Sicília também é famosa por suas sobremesas, e algumas delas são o cannoli, rolos de massas doces tradicionalmente recheados com ricota e cassata, uma espécie de pão-de-ló feito com sucos de frutas ou licores e camadas de ricota.
A Sicília também é o local de nascimento da granita, a bebida feita de gelo e vários sabores, e agora pode ser encontrada em toda a Itália. A Sicília também possui alguns excelentes vinhos, dos quais o Nero d’Avola é um dos mais populares. Marsala é o famoso vinho de sobremesa da Sicília e é semelhante ao porto ou xerez.
Nápoles, Positano, Costa Amalfitana e a Ilha de Capri
Nápoles, Positano, Amalfi e Capri pertencem todos à Campânia, mas mesmo dentro da região, existe uma diversidade culinária significativa, baseada na produção em solos vulcânicos ali encontrados.
Spaghetti é popular no sul da Itália, e um prato simples, porém clássico, de Nápoles. Ele é servido com molho de tomate e manjericão. Outro prato consumido em toda a Itália, mas inventado em Nápoles, é o spaghetti alla puttanesca, espaguete com molho de tomate, azeitonas pretas e alcaparras – o nome pode ser traduzido como “espaguete ao estilo prostituta”!
Frutos do mar, sem surpresa, são fortemente encontrados perto da costa, e spaghetti alle vongole, espaguete com mariscos, é um prato popular, assim como o spaghetti alle cozze, espaguete com mexilhões.
Não podemos falar de Nápoles sem mencionar a pizza, e você realmente não pode visitar a cidade sem provar sua criação mais famosa. Uma verdadeira pizza napolitana usa massa artesanal aberta como uma base fina pelo pizzaiolo e deve ser assada no forno a lenha. Uma das mais tradicionais é a pizza margherita, feita com mussarela, tomate e manjericão para representar as cores da bandeira nacional. Se tentar pedir uma “pizza havaiana”, provavelmente será deportado…
Esta região é também a casa do limoncello, o conhecido licor de limão. O café em Nápoles era tradicionalmente feito com uma cuccuma, um tipo de cafeteira invertida que antecede tanto a máquina de café quanto a moka, embora seja menos usada hoje em dia.
Nápoles também é um dos melhores lugares do país para experimentar o gelato, o delicioso sorvete italiano, agora popular em todo o mundo.
Veneza, Verona e as Dolomitas
Em Veneto, a região que inclui Veneza e Verona e faz fronteira com as Montanhas Dolomitas, a massa é menos comum do que em outras partes do país; as pessoas aqui consomem mais polenta e arroz.
Em Veneza, a comida do mar domina. Os pratos tradicionais incluem o risotto al nero di seppia, um risoto colorido com tinta de choco e moeche, caranguejos verdes capturados durante o período em que eles perdem suas cascas e estão criando novas. Um prato tradicional que não utiliza produtos do mar é o fegato alla veneziana, fígado de vitela ao estilo veneziano.
Mais para o interior, a comida de Veneto usa feijões e ervilhas, como na pasta e fagioli, macarrão com feijão, e o risi e bisi, arroz com ervilhas.
A paisagem campestre ao redor de Verona é famosa por seus vinhos tintos, incluindo o Amarone, que é usado em pratos locais, como o risotto all’Amarone, e o brasato all’Amarone, carne cozida com o Amarone.
Asiago é o queijo mais famoso da região, mas nas Dolomitas, onde a influência austríaca é mais forte, você também pode encontrar o Schiz, um tipo de queijo que normalmente é frito e servido com polenta.
Vêneto também é a casa do prosecco, o famoso vinho espumante da Itália, e a região também tem a forte pretensão de ter inventado o tiramisu – que significa “levanta-se” – possivelmente a sobremesa mais conhecida da Itália.
Bolonha
Bolonha fica no centro da região de Emíilia-Romanha, muitas vezes considerada a casa da melhor cozinha italiana. Muitos dos pratos e produtos mais famosos da Itália se originam daqui, incluindo o vinagre balsâmico, o Parmigiano Reggiano (queijo parmesão) e presunto de Parma.
Bolonha é a cidade que nos deu o ragù, “molho a bolonhesa”, embora em Bolonha você deve comê-lo com tagliatelle; eles normalmente não o combinam com espaguete. Lasanha é um prato popular; em italiano, lasagne está no plural, pois o nome se refere às camadas de massa. Este prato é realmente servido com ragù, mas outras variações são possíveis.
Nesta região, você também encontrará o tortellini, o ravioli e outras versões de massa recheada. Estas são vendidas em restaurantes em todo o país – bem como em restaurantes italianos em todo o mundo – mas Emília-Romanha é possivelmente o melhor lugar para experimentá-los.
Para comida de rua, experimente uma crescentina, também conhecida como gnocco fritto, uma bola de massa frita com recheio doce ou salgado. Antes de deixar a região, não se esqueça de provar pelo menos um copo de Lambrusco, o vinho espumante produzido aqui.
Ligúria (Portofino e Cinque Terre)
O litoral acidentado e dramático que serpenteia em direção à fronteira francesa, passando por Cinque Terre e Portofino, tornou a Ligúria uma das regiões mais visitadas do país. Com sua proximidade do mar, é natural que a culinária local seja dominada por peixes e frutos do mar, mas também há muito mais para se descobrir.
O molho pesto, agora servido em toda a Itália, originou-se aqui. Feito com manjericão, azeite, pinhão e queijo, ele casa bem com massas locais como trenette ou trofie.
Outro bem conhecido produto da Ligúria que agora foi adotado pelo resto do país é a focaccia. Na aldeia de Recco, perto de Gênova, o pão é recheado com queijo local; você também pode encontrar focaccia di Recco em Gênova ou em qualquer uma das cidades ao redor da capital regional.
Ligúria é conhecida por suas sopas de frutos do mar e peixe. Você deve experimentar o ciuppin, uma espécie de sopa tradicionalmente feita com peixes pescados no dia, que eram pequenos demais para serem vendidos.
Qualquer refeição na Ligúria é melhor acompanhada com um copo ou dois do vinho branco local, que são excelentes.
Alguns outros que você pode querer – ou não – experimentar
A Itália também tem suas curiosidades culinárias. Por exemplo, todo mês de fevereiro, na cidade de Catânia, na Sicília, os padeiros preparam um tipos de doce bem estranho. Se você acha que os bolos redondos de cereja lembram uma certa parte do corpo feminino, é porque eles são: na verdade são representações comestíveis dos seios de Santa Ágata!
Como diz a história, Santa Ágata foi torturada por sua fé cristã tendo seus seios amputados, depois morrendo por causa das feridas. Agora, todos os anos, ela é homenageada por confeiteiros sicilianos que fazem seus seios em uma deliciosa combinação de pão de ló, ricota, marzipan e licor.
Os monges na Abadia de Sant’Antimo, perto da cidade toscana de Montalcino, têm uma maneira um pouco diferente de comemorar o passado. Esta lenda remonta ao século VIII, quando Carlos Magno estava em campanha na região. Suas tropas foram atingidas pela peste, mas foram salvas por um anjo que apareceu carregando as folhas da planta Carlina acaulis. Para agradecer, Carlos Magno supostamente ordenou que uma igreja fosse construída no local.
Acredita-se que a planta tenha propriedades medicinais, mas os monges modernos a usam para fazer um restaurativo bastante diferente – transformando-a em uma bebida alcoólica. Para aqueles que desejam comemorar o milagre com os monges, esta bebida, chamada amaro di Sant’Antimo, é vendida na loja da abadia.
Finalmente, algo que você pode estar menos interessado em experimentar. A ilha da Sardenha é conhecida por sua grande beleza, longa história e cultura única – e os fãs de alimentos estranhos deve experimentar o casu marzu.
Muitos lugares possuem seus próprios queijos pungentes e envelhecidos, mas em nenhum lugar o conceito de “envelhecido” é levado tão longe quanto na segunda maior ilha da Itália. Para fazer casu marzu, uma bola de queijo pecorino é deixada ao ar livre para que uma espécie de mosca possa colocar seus ovos dentro dele. Quando as larvas eclodem, elas começam a comer o queijo, quebrando a gordura e deixando-o com uma textura muito macia.
O casu marzu é considerado uma iguaria e um afrodisíaco, mas devido as preocupações com a saúde, a União Européia proibiu sua produção – embora os gastrônomos curiosos e corajosos ainda encontrem alguns no mercado negro da Sardenha.
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